terça-feira, 12 de abril de 2011

Movimento

Quero escrever movimento puro
Por isso escrevo andando
Em idéias de inspiração
Sem derramar um só pingo de suor
Pelo desforço de escrever
Meu andar é calmo e lento
Porém movimento
De palavras vou a pensamentos
E aos poucos
Chego a lugares que nunca estive
Mas que posso ver rastros meus
Eu os construí
Na centelha da imaginação
Que uma vez mais me levou para andar

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Felicidade reprimida

Estou feliz
Mas a felicidade
Em mim é um grito
Reprimido e abafado
Pelos nós de angustia
Na minha garganta
De que adianta ser feliz
Se ninguém sabe que és?
Não procuro um ombro amigo
Procuro o mundo
E que ele saiba
Que estou feliz
Ai de quem duvidar
Procuro um lugar
Em que minha voz ecoe
Para todos
Eu não seja apenas mais um
Esse lugar me trás paz
Mas não o conheço
Aflição e desespero no grito
Deixe-me gritar no teu ouvido
Para que saibas
Acolha-me em teu colo
E acredite em minha felicidade
Falsa
Mas continue sorrindo

sábado, 2 de abril de 2011

Poça, planície e vento

Final de verão
Inicio da colheita
O trigo dourado no chão
Vai ate onde a vista alcança
Planície infinda
De infância
Bate a brisa, essa acaricia o meu rosto
E faz-me lembrar dos teus cabelos
Dourados como o trigo e sedosos como o vento
Emaranhado é o trigo
Como emaranhados éramos nós
Sigo eu na estrada de barro batido
Estrada dura como a vida
E choveu, como se é de esperar
Havia poças no caminho
Poças na planície
Olho a poça, mas nela nada vejo
Rasa a ponto de não refletir minha imagem
Profunda a ponto de não ver seu fundo
Paro e jogo uma pedra na poça
De nada adianta
As ondas se dissipam e novamente poça
Sem reflexo sem nada
Agoniado eu procurava uma resposta
Não queria que refletisse ou que fosse translúcida
Queria uma resposta
Aflito vou de poça em poça
Como quem sempre quer algo que nunca vai existir
Porem não para de procurar
As poças vão secar
Levando-me a caminho do mar
O mar, esse sei que reflete
Vejo o céu na sua lamina
Azul mas de nada me conforta
Tanta água, tanta paz
Paz demais
Quero o medo de não ter respostas
De secar enquanto definho em pensamentos
Quero poça, planície e vento