sábado, 2 de abril de 2011

Poça, planície e vento

Final de verão
Inicio da colheita
O trigo dourado no chão
Vai ate onde a vista alcança
Planície infinda
De infância
Bate a brisa, essa acaricia o meu rosto
E faz-me lembrar dos teus cabelos
Dourados como o trigo e sedosos como o vento
Emaranhado é o trigo
Como emaranhados éramos nós
Sigo eu na estrada de barro batido
Estrada dura como a vida
E choveu, como se é de esperar
Havia poças no caminho
Poças na planície
Olho a poça, mas nela nada vejo
Rasa a ponto de não refletir minha imagem
Profunda a ponto de não ver seu fundo
Paro e jogo uma pedra na poça
De nada adianta
As ondas se dissipam e novamente poça
Sem reflexo sem nada
Agoniado eu procurava uma resposta
Não queria que refletisse ou que fosse translúcida
Queria uma resposta
Aflito vou de poça em poça
Como quem sempre quer algo que nunca vai existir
Porem não para de procurar
As poças vão secar
Levando-me a caminho do mar
O mar, esse sei que reflete
Vejo o céu na sua lamina
Azul mas de nada me conforta
Tanta água, tanta paz
Paz demais
Quero o medo de não ter respostas
De secar enquanto definho em pensamentos
Quero poça, planície e vento

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