segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Imo

Sinto cheiro de mim
De olhos fechados
Sou cabeça e coração
De nada adianta dormir
Se o coração não quer
Mas se pode sentir
Sem que a mente queira

domingo, 21 de agosto de 2011

Rios


A vida nos leva em rios tortuosos
Nas cascatas dos seus olhos
Nas pedras que sua voz joga no meu coração
Se não bastasse a água esta morna
Enquanto para outros ela ferve
Meu rio desviou do teu, nada quero de ti
Nossas corredeiras são diferentes
Minha calma e com um delta na foz
A sua de topografia íngreme, de deságue
Por mais que negue, minha água estará em você
É o ciclo, e sempre nos encontraremos no mar

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bar



Minha alma servi em copos
Nos quais, as mais belas donzelas
Beberam-me, e depois
Bêbadas beijaram os bêbados
Que estavam jogados nos bares
Ao lado de qualquer alambique
Eu tomado por elas
E elas tomadas por eles
Quanto mais imundo mais
Atraiam-nas, e eu
Sempre do outro lado do balcão
No lado que não cabe a diversão
Como observador obcecado
Pelos lábios pintados delas
Agora já borrados
Suas visões já embaraçadas
Faziam daqueles rabugentos príncipes
A das camas que dividiam com os ratos palácios
Suas perucas despenteadas
Estavam fétidas, isso não me criava repudio
Muito menos aos bêbados
O som de gente tomava o local
Gargalhadas rodopiavam na nossa cabeça
Os copos de alma quebrados no chão
Elas estavam em mim
Mas mesmo bebendo-me eu não estava nelas.